•••
I just got this Portuguese translation from Sabine, our friend here in Rio de Janeiro. This is the synopsis from Book One. I am including it here for our Portuguese speaking friends.•••
• No inĂcio deste blog, explicamos que nosso interesse ao criá-lo era começar um estudo e uma busca pela raiz da vingança e da violĂŞncia no contexto da cultura ocidental. PorĂ©m, desde o princĂpio, eu já intuia que o escopo de pesquisa e estudo para o tema teria de, necessariamente, englobar a ampla gama de elementos que nĂŁo estĂŁo relacionados somente ao tema da vingança e da violĂŞncia, mas requerem tambĂ©m um mergulho no tema da nĂŁo violĂŞncia. E se quisĂ©ssemos ir mais fundo no estudo da vingança e da violĂŞncia, seria fundamental falar tambĂ©m sobre o compreender e reconciliar com os demais. TambĂ©m estava claro que o estudo dentro do contexto da Cultura Ocidental nĂŁo seria suficiente: a Cultura Oriental teria que ser parte disso, necessariamente.
• EntĂŁo, começamos propondo questões em relação Ă vingança e Ă violĂŞncia. Em seguida, propusemos mais questões. Mais tarde, propusemos ainda mais perguntas. Ficou claro para mim que estou escrevendo esse blog porque eu quero encontrar por mim mesmo as respostas para essas perguntas. E que, talvez, atravĂ©s de tal pesquisa e estudo, eu possa esbarrar em algumas das respostas. Ou poderia estar esperando que as respostas se apresentassem enquanto seguimos esta trilha.
• As perguntas fundamentais, dessa forma, eram o que as palavras vingança e violĂŞncia significavam e se esses estados eram intrinsecos ao ser humano.
• Dissemos que a vingança nĂŁo Ă© um fenĂ´meno mecânico de ação-reação. Dissemos que, na verdade, Ă© a base de toda violĂŞncia. Que a vingança Ă© o ato de equilĂbrio diante de um desequilĂbrio dado: o equilĂbrio do desequilĂbrio. Dissemos que o ato de vingança está sempre presente, ainda que sutilmente, sempre trabalhando no pano de fundo. Está sempre presente no trabalho de uma estrutura ato-objeto tentando compensar a inadequação de cada um, o que falta, o que teme, suas frustrações; tentando compensar o nĂşcleo de devaneios de cada um - seu nĂşcleo cultural.
• Fica claro que essa interpreação da vingança poderia parecer um tanto radical para o leitor, mas terei que deixá-la assim.
• Depois, apresentamos outra idĂ©ia nĂŁo tĂŁo usual: a noção de que a violĂŞncia nunca Ă© pessoal. Dissemos que, mais frequentemente do que imaginamos, nossa raiva está direcionada Ă s pessoas mais prĂłximas a nĂłs e que as razões nĂŁo tĂŞm nada a ver com aquilo que nossos seres queridos fizeram ou deixaram de fazer conosco, mas que, ao invĂ©s disso, tinham mais a ver com nossas prĂłprias frustrações - aquelas experiĂŞncias negativas que se acumularam em nĂłs. Estamos somente esperando uma justificativa para soltar nossa raiva, a violĂŞncia que temos dentro de nĂłs.
• Acontece o mesmo com lĂderes governamentais: eles precisam de uma razĂŁo, uma justificativa para ir a guerra. Eles sempre precisam de uma razĂŁo para expressar sua violĂŞncia interna - expressar sua violĂŞncia em outros, em sua maioria, pessoas inocentes.
• Depois, falamos sobre a base da maioria das leis, especialmente no Ocidente. Existe um edito muito antigo e arcaico do CĂłdigo Hammurabi que diz "olho por olho". Dissemos que isso foi formulado para fazer com que as pessoas parassem com punições desproporcionadas. Dissemos que foi um bom conceito em seu momento. PorĂ©m, tambĂ©m dissemos que atualizações melhoradas e mais avançadas deste velho conceito foram lançadas ao longo dos sĂ©culos por diferentes mensageiros e pessoas iluminadas.
• Propusemos que quando a integridade de um indivĂduo, um povo, ou mesmo uma cultura inteira, Ă© ameaçada, uma espĂ©cie de sinal de alerta Ă© registrado pela estrutura ameaçada - uma espĂ©cie de desequilĂbro Ă© registrada - e, instintivamente, uma reação (reequilĂbrio) Ă© posta em marcha ( dar o troco, vingança, justiça, ir a guerra, etc)
• Alguns dos leitores do blog nos perguntaram sobre a definição de nĂŁo violĂŞncia e dissemos que se o ser humano Ă© intencionalidade e a violĂŞncia Ă© ir contra a intencionalidade, entĂŁo, contribuir para o aperfeiçoamento de tal intencionalidade Ă© nĂŁo violĂŞncia. Em outras palavras, se sua transformação está prejudicada pelo sofrimento e seu projeto básico Ă© a superação desta dor, deste sofrimento - entĂŁo, ajudar alguĂ©m a aliviar sua dor, seu sofrimento Ă© o maior ato de nĂŁo violĂŞncia que uma pessoa pode fazer pela outra - a mais válida de todas as ações! É um projeto de vida por excelĂŞncia!
Resumindo, humanizar a Terra Ă© agir de maneira nĂŁo violenta. Humanizar Ă© dar em atos unitivos.
• Falamos sobre a Ă©tica da reciprocidade e, em seguida, enumeramos algumas passagens famosas do texto de várias crenças religiosas e seculares. Tais crenças foram expressadas de diferentes maneiras, mas basicamente, dizendo o mesmo, que Ă©: trata aos demais como gostarĂamos de ser tratados".
• NĂłs teorizamos que o Ocidente estava interessado em promover justiça para o resto do mundo e que o nĂŁo-ocidental (o Oriente) estava mais interessado em divulgar o conceito de ahimsa ou nĂŁo violĂŞncia.
• NĂłs falamos, entĂŁo, sobre livre interpretação. NĂłs dissemos que a livre interpretação, basicamente, significa que cada um tem direito de interpretar qualquer e todas as coisas de acordo com a experiĂŞncia de cada um, de acordo com o nĂvel de compreensĂŁo de cada um, a cultura de cada um, a histĂłria pessoal de cada um. A "verdade" de cada um Ă© uma interpretação. Nesse sentido, do ponto de vista desse conceito de livre interpretação, ou compreendo a ação do outro ou, minimamente, estou entendendo a ação do outro. Porque, a partir deste ponto de vista, nenhuma interpretação está errada - apenas diferente. Eu nĂŁo estou dizendo que nĂłs toleremos ou aceitemos a violĂŞncia deles. Estou dizendo que Ă© melhor que nĂłs compreendamos a ação deles, porque ao fazermos isso, diminuimos nosso sofrimento.
• AlguĂ©m me pediu para elaborar acerca de um sentimento desagradável chamado culpa. NĂłs dissemos que toda vez que a consciĂŞncia recebe um estĂmulo externo que a coloca em desequilĂbrio, a tendĂŞncia natural da consciĂŞncia Ă© reagir e tentar conseguir de volta sua integridade "perdida" colocando-se de novo em equilĂbrio. Ela tem que "dar o troco" (vingança) no que no momento está em dĂvida. PorĂ©m, a reação Ă©, normalmente, uma reação exagerada (ou Ă© percebida como reação exagerada) e, por conta disso, uma contra ação ainda maior Ă© recebida em troca ou, caso nĂŁo haja nenhuma, registramos o sentimento de culpa, porque ele satisfaz o vácuo criado pela ausĂŞncia de uma contra ação. Em outras palavras, sentir-se culpado, de alguma maneira, dá Ă consciĂŞncia a ilusĂŁo de equilĂbrio. É um sentimento similar Ă auto punição. Portanto, se nĂŁo recebermos a esperada "vingança", criamos a "reparação" nĂłs mesmos nos sentindo culpados.
• NĂłs tambĂ©m falamos sobre o conceito de um deus "inteiramente justo" - sobre como a psique de toda uma cultura está tĂŁo obcecada com vingança e reparação que eles nĂŁo somente perseguiriam os infratores atĂ© os confins da terra, mas tambĂ©m atĂ© o fim da vida e atĂ© mesmo no pĂłs vida! O problema com essa noção Ă© que ela dá as pessoas a justificativa para seguirem com sua vingança prĂłpria em relação a outros com o pano de fundo na consciĂŞncia de que estĂŁo somente fazendo o trabalho de deus. E tambĂ©m dissemos que tal obssessĂŁo com a justiça e a vingança tem raĂzes tĂŁo profundas na cultura Ocidental que Ă©, na verdade, quase um mecanismo.
• Posteriormente, nĂłs aprofundamos nosso desenvolvimento da definição de nĂŁo violĂŞncia. Dissemos que nĂŁo violĂŞncia nĂŁo Ă© somente ir contra os horrores da guerra, nĂŁo Ă© somente estar contra todas as formas de discriminação, nĂŁo Ă© somente ir contra todas as formas de violĂŞncia. Está mais relacionada a trabalhar a favor da paz e fazer algo pela paz. Está mais relacionada a trazer a paz dentro de si mesmo e levar a paz a outros. Está mais relacionada a se reconciliar consigo mesmo e se reconciliar com outros. É sentir o humano em vocĂŞ e sentir o humano em outros. É humanizar a si mesmo. É humanizar o outro. É por esta razĂŁo que preferimos nĂŁo chamá-la somente de nĂŁo violĂŞncia, mas de nĂŁo violĂŞncia ativa.
• Finalmente, dissemos que a nĂŁo violĂŞncia está relacionada a liberar-se quando vocĂŞ trata aos demais como gostaria de ser tratado.
•••